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O influenciador digital Felipe Neto agitou a internet na tarde desta quinta-feira (3/4) ao divulgar um vídeo em que anuncia sua pré-candidatura à Presidência da República em 2026. Na gravação, ele fala de forma séria, propõe criar uma nova rede social e usa palavras fortes para justificar sua decisão. Mas não demorou para muita gente perceber que o tom do vídeo era, na verdade, irônico. Aos poucos, internautas começaram a apontar que tudo parece mais uma crítica provocativa à manipulação política e ao uso estratégico das redes sociais para controlar discursos e narrativas.
Logo nos primeiros minutos da gravação, Felipe Neto se descreve como um “guardião da verdade”, alguém movido pelo “domínio da informação”. A escolha das palavras, no entanto, chamou atenção por lembrar diretamente o universo do livro 1984, do escritor britânico George Orwell. A obra, publicada em 1949, é um clássico da literatura que retrata um governo autoritário que controla tudo o que as pessoas veem, pensam e até sentem. Um dos principais instrumentos desse controle é o chamado “Ministério da Verdade”, órgão responsável por reescrever a história e definir o que é verdade ou mentira, sempre de acordo com os interesses do governo — mesmo que isso signifique mudar os fatos com frequência. Outra referência clara é quando Felipe diz que seria como um “irmão mais velho” para os brasileiros. Essa expressão remete ao “Grande Irmão” (Big Brother), figura central no livro, que representa o ditador onipresente que vigia todos o tempo todo. Estes termos não foram usados por acaso e todos eles são referências diretas à narrativa do livro.
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A encenação vai além das palavras. No cenário do vídeo, é possível ver o livro 1984 em uma estante atrás do influenciador. Há ainda um quadro com o desenho de um olho — alusão ao Grande Irmão — e a proposta de sua nova rede social, batizada de Nova Fala, remete à novafala, o idioma criado pelo regime totalitário na ficção de Orwell. Segundo Felipe, a plataforma permitiria que as pessoas compartilhassem suas preferências com o governo, criando um “laboratório” de informações — uma crítica evidente às redes sociais e ao uso de dados pessoais por grandes empresas e instituições.
Além disso, a iluminação, o figurino e o enquadramento do vídeo remetem diretamente à estética do filme “1984”, lançado em 1984 e baseado na obra original. Em seu discurso, o youtuber ainda sugere que, como presidente, pretende atuar como um “irmão mais velho” ou um “pai vigilante e generoso” do povo — reforçando o tom irônico da produção. Também menciona a ideia de revisar livros didáticos com base na “maioria”, um aceno claro às práticas de reescrita da história pelo poder autoritário retratado na obra orwelliana. Para muitos usuários nas redes, o vídeo não passa de uma elaborada sátira. Internautas apontam que Felipe estaria ironizando justamente os líderes que manipulam a opinião pública com discursos prontos e sedutores, embalados por promessas vazias. O conteúdo seria uma crítica aos mecanismos de controle e convencimento usados por políticos e empresas digitais.
Embora Felipe Neto ainda não tenha confirmado se o vídeo faz parte de uma ação maior, cresce a especulação de que tudo seja, na verdade, uma estratégia de marketing para seu clube do livro. Atualmente, o influenciador comanda a leitura de Puro, de Nara Vidal, com encerramento previsto para o fim de abril. A aposta de seguidores é que 1984, de George Orwell, será o próximo título abordado. Se isso for confirmado, a “candidatura à presidência” nada mais será do que um recurso criativo para provocar debate, gerar engajamento e convidar seus fãs a refletirem sobre a manipulação da informação.
