Belo Horizonte, 7 de junho de 2025

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Brigadeiro diz que recusou minuta do golpe em reunião com Bolsonaro e ministros

Vídeo do depoimento revela que ex-comandante da FAB contou ter deixado encontro após receber documento que previa impedir posse de Lula
brigadeiro expõe Bolsonaro
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Um vídeo divulgado nesta terça-feira (03/06) revelou que o ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, relatou ter recebido uma minuta de golpe diretamente das mãos do então ministro da Defesa, Paulo Sérgio de Oliveira. O documento previa impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e foi apresentado durante uma reunião no dia 14 de dezembro de 2022, dois dias após a diplomação. Ao perceber o conteúdo, Baptista Júnior afirmou que se levantou imediatamente e deixou o encontro, recusando-se a sequer receber o texto.

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Segundo o brigadeiro, a minuta apresentada configurava claramente uma tentativa de ruptura institucional. “Perguntei se o documento previa impedir a posse do presidente eleito. A resposta foi sim. Então me levantei e disse: ‘Não admito sequer receber esse documento’. E saí da reunião”, declarou Baptista Júnior, acrescentando que, enquanto ele se retirava, os demais presentes, como o almirante Almir Garnier, permaneceram calados. Apenas o general Freire Gomes também demonstrou desconforto.

O depoimento foi prestado em audiência virtual ao procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, como parte do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado em 2022. Durante a fala do brigadeiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Walter Braga Netto, ambos réus no processo, acompanharam o depoimento em silêncio. Bolsonaro, conforme mostram as imagens, permaneceu com uma das mãos sobre a boca e fez anotações, mas não se manifestou em momento algum.

O testemunho reforça a tese da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a existência de uma articulação coordenada, inclusive com setores militares, para tentar anular o resultado das eleições. O brigadeiro ainda relatou que, nas reuniões anteriores, realizadas no Palácio do Planalto em novembro de 2022, o tema inicial era a segurança e a estabilidade institucional. No entanto, com o tempo, os encontros começaram a sugerir medidas fora da Constituição, como a adoção indevida de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem).

“A ideia inicial era discutir uma GLO, mas com o tempo percebi que não era esse o objetivo. Deixei claro ao presidente: ‘A partir de 1º de janeiro o senhor não será mais presidente. Aconteça o que acontecer’”, afirmou o brigadeiro. Ele destacou que, embora a GLO seja uma ferramenta legal para atuação das Forças Armadas em apoio à segurança pública, o uso pretendido pelo governo Bolsonaro não se encaixava no que ele aprendeu ao longo de sua carreira militar.

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