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Durante sessão na Câmara Municipal, nesta segunda-feira (17/06), o vereador do Recife Gilson Filho (PL) criticou a prisão do pai, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado. No plenário, o parlamentar jogou uma cópia da Constituição no chão e chamou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de “ditador do Brasil”. Machado havia sido preso preventivamente na sexta-feira (13/06), por suspeita de tentar obter um passaporte português para ajudar o tenente-coronel Mauro Cid a fugir do país.
O vereador exibiu uma foto de Gilson Machado ao lado de Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, como forma de demonstrar que o pai “tem reconhecimento fora do Brasil”. Ele também afirmou que foi ele quem entrou em contato com a embaixada portuguesa para renovar o passaporte do avô, Carlos Eduardo Machado Guimarães, e não para favorecer qualquer fuga. “O ministro esquece que atrás dessa prisão ilegal do meu pai tem meu avô. Homem de bem, de 85 anos, que acabou de perder sua esposa, mãe do meu pai”, disse Gilson Filho.
A prisão foi revogada por Moraes no mesmo dia. Segundo o STF, a prisão preventiva deixou de ser necessária após diligências feitas pela Polícia Federal. O ministro determinou então medidas cautelares como o cancelamento do passaporte, a proibição de saída do país e a proibição de contato com outros investigados. Ainda assim, o vereador classificou a prisão como “injusta” e “perseguição política”, e afirmou que o pai está sendo alvo de uma tentativa de incriminação por ter ligações com Jair Bolsonaro. “A narrativa de Mauro Cid caiu, ele mentiu no julgamento, e agora o ministro Alexandre de Moraes está buscando todos os aliados de Bolsonaro para tentar incriminar”, declarou Gilson Filho durante o discurso.
Ao pedir a prisão preventiva do ex-titular do Turismo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que havia “forte possibilidade” de ele ter tentado ajudar Cid em um plano de fuga do Brasil. No dia 12 de maio, Machado procurou o consulado de Portugal, na capital pernambucana. Para a Procuradoria, o objetivo era conseguir um documento para o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e, com isso, “viabilizar sua saída do território nacional”. Para o procurador-geral Paulo Gonet, os indícios apontam para os crimes de favorecimento pessoal e obstrução de investigação. O passaporte, no entanto, não chegou a ser emitido.
Em depoimento à Polícia Federal, Gilson Machado negou que tenha tentado obter passaporte para Mauro Cid e afirmou que não fala com o militar desde 2022. O próprio Cid, também ouvido na sexta-feira, negou que tenha planejado qualquer fuga. Apesar da revogação da prisão, o inquérito segue em sigilo no STF sob a relatoria de Alexandre de Moraes. Gilson Filho, por sua vez, declarou que vai seguir com o projeto político do pai e afirmou: “Meu compromisso é eleger meu pai senador em 2026 e combater essas atrocidades que o STF está fazendo”.