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A apenas 10 dias da posse, Donald Trump recebeu nesta sexta-feira (10) a confirmação da sentença no processo envolvendo a atriz pornô Stormy Daniels. O caso, que já havia sido julgado no ano passado, resultou em uma condenação criminal por 34 acusações de falsificação de registros comerciais, relacionadas a pagamentos feitos a Daniels para impedir que ela revelasse um suposto caso extraconjugal com o ex-presidente.
Embora tenha sido condenado, Trump escapou de cumprir prisão e multa, mas se tornará o primeiro presidente dos Estados Unidos condenado criminalmente ao assumir o cargo. O juiz Juan Merchan, responsável pela sentença, declarou que Trump não precisará cumprir pena, mas a decisão tem um peso simbólico importante, uma vez que oficializa a condenação.
A equipe de defesa do republicano agora tem 30 dias para apresentar um recurso, embora as chances de sucesso pareçam pequenas. Durante a audiência, Trump participou por videoconferência e manteve sua alegação de inocência. Ele criticou duramente o julgamento e acusou o sistema judiciário de Nova York de retroceder. Trump também atacou seu ex-advogado, Michael Cohen, a principal testemunha do caso, a quem chamou de desacreditado.
A condenação gerou protestos de alguns apoiadores do ex-presidente nas imediações do tribunal, conforme reportado pelo “New York Times”. Os advogados de Trump ainda tentaram, até o último momento, evitar a leitura da sentença, com a esperança de adiar a confirmação até a posse do republicano. Caso Trump tomasse posse, ele não poderia ser processado durante seu mandato.
Em uma última tentativa, os advogados recorreram à Suprema Corte, que rejeitou a solicitação de impedir a sentença. A decisão final da corte foi adiada várias vezes, com a data de leitura sendo marcada inicialmente para julho de 2024.
O julgamento de Trump, que começou em maio de 2024, culminou com sua condenação por fraude. Ele foi acusado de pagar US$ 130 mil a Daniels pouco antes das eleições de 2016, para impedir que a atriz revelasse detalhes de um suposto encontro sexual em 2006. Esse pagamento foi feito na tentativa de evitar que o caso prejudicasse sua candidatura à presidência.
O julgamento: O julgamento, que durou sete semanas, envolveu 22 testemunhas, incluindo Daniels e Cohen, além de discussões sobre o pagamento feito à atriz. A promotoria afirmou que Cohen, ex-aliado de Trump, foi responsável por repassar o valor a Daniels. Cohen confirmou que havia sido instruído por Trump a fazer o pagamento para impedir a divulgação da história durante a corrida eleitoral.
Trump, Cohen e David Pecker, então editor do tabloide “National Enquirer”, foram acusados de conspirar para comprar histórias negativas e impedir sua publicação. Após a eleição de Trump, já na Casa Branca, Cohen teria discutido com o presidente como seria reembolsado pelos pagamentos feitos a Daniels. Foi neste momento que a acusação de fraude surgiu, com a acusação de que os pagamentos haviam sido disfarçados como honorários de reserva da Organização Trump.
O depoimento de Stormy Daniels foi um dos momentos mais marcantes no julgamento, com a atriz detalhando o encontro com Trump e descrevendo o comportamento do ex-presidente de forma explícita. A defesa de Trump tentou descreditar o depoimento, alegando que ele tinha o objetivo de constranger o réu.
A principal testemunha de acusação foi Michael Cohen, mas sua credibilidade foi questionada pela defesa, que apontou seu histórico de acusações criminais e mentiras à Justiça.
Embora a condenação tenha sido confirmada, Trump não terá que cumprir pena e, ao que parece, poderá seguir com sua posse, apesar da repercussão negativa do caso.