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Os incêndios no Brasil nos últimos meses causaram prejuízos bilionários ao setor sucroenergético, com destaque para o estado de São Paulo, onde cerca de 181 mil hectares de canaviais foram consumidos pelas chamas.
De acordo com um novo balanço divulgado pela Orplana, a organização de produtores de cana, os prejuízos totais já ultrapassam R$ 1,2 bilhão. A perda de produção, a destruição das soqueiras (brotos que surgem após a colheita) e a necessidade de replantio são alguns dos fatores que contribuíram para esse cenário catastrófico.
A devastação dos canaviais não apenas impacta a produção atual, mas também ameaça a próxima safra. A falta de chuvas volumosas nos próximos meses pode comprometer a recuperação das áreas queimadas e dificultar o rebrotamento da cana.
Em Minas Gerais, a situação também é grave, com prejuízos estimados em R$ 180 milhões. A Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig Bioenergia) informa que cerca de 45 mil hectares foram atingidos pelo fogo, afetando tanto a cana pronta para colheita quanto as áreas de palhada.
Os impactos das queimadas se estendem além das perdas financeiras, atingindo diretamente o consumidor. O aumento do preço do açúcar cristal é uma consequência direta da menor oferta do produto, pressionado pela necessidade de moer a cana salva o mais rápido possível para evitar maiores perdas.
A produção de etanol também sofre os efeitos das queimadas. A necessidade de moer a cana queimada, que impede a cristalização da sacarose, leva a um aumento na produção de etanol em detrimento do açúcar. No entanto, essa situação é temporária, e a perspectiva para o médio e longo prazo é de redução na produção de ambos os produtos.
A recuperação das áreas queimadas será um processo lento e caro. O replantio da cana é uma medida necessária em muitos casos, mas representa um custo elevado para os produtores. Além disso, a recuperação do solo e a reestabelecimento da biodiversidade levarão anos.
A necessidade de investir em tecnologias e práticas agrícolas mais sustentáveis se torna cada vez mais urgente para garantir a viabilidade do setor e minimizar os impactos ambientais.