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Um estudo recente revelou o impacto significativo do programa federal Bolsa Família na redução de mortes por tuberculose entre pessoas em situação de extrema pobreza e povos indígenas. A pesquisa, conduzida por organizações como a Universidade Federal da Bahia, a Fiocruz Bahia e o Instituto de Saúde Global de Barcelona, foi publicada na conceituada revista Nature Medicine. Os resultados mostram que o programa contribuiu para uma queda de mais de 50% nas mortes entre os extremamente pobres e de mais de 60% entre as populações indígenas.
Para as pesquisadoras, o Bolsa Família desempenha um papel crucial ao garantir melhores condições de vida e alimentação para seus beneficiários, o que tem impacto direto na sobrevida de quem enfrenta a tuberculose. “Sabemos que o programa melhora o acesso à alimentação, tanto em quantidade quanto em qualidade, o que reduz a insegurança alimentar e a desnutrição — um importante fator de risco para a tuberculose — e fortalece as defesas imunológicas das pessoas”, explicou Gabriela Jesus, uma das autoras do estudo, em entrevista à Agência Fiocruz. Ela destacou ainda que o programa ajuda a diminuir barreiras para o acesso à assistência médica e ao diagnóstico.
Além de ser conhecido por reduzir desigualdades econômicas e sociais, o Bolsa Família exige o cumprimento de condições como manutenção da frequência escolar e cuidados de saúde para as crianças, criando uma rede de proteção que vai além do suporte financeiro. Este estudo, no entanto, reforça sua contribuição direta para a saúde das famílias beneficiárias.
Os pesquisadores chegaram a essas conclusões ao cruzar dados socioeconômicos, étnicos e sanitários, comparando a incidência, a mortalidade e a letalidade da tuberculose entre aqueles que recebiam o benefício e aqueles que não recebiam.
Com essas descobertas, a expectativa é que outros países com altos índices da doença considerem adotar políticas semelhantes para combater a pobreza e suas consequências na saúde.