Belo Horizonte, 18 de junho de 2025

A voz de Minas no portal que mais cresce!

Desaparecimento de arara mobiliza Moeda e pressiona prefeitura por solução inédita

Considerada mascote da cidade, ave foi levada ao Ibama por moradora e caso causou tensão, comoção popular e envolvimento direto do prefeito
Arara de Moeda
Arara de Moeda

Ouça este conteúdo

0:00

O sumiço repentino de uma arara-canindé em Moeda, cidade com pouco mais de 5 mil habitantes a 59 km de Belo Horizonte, virou o principal assunto local nos últimos dias. Considerada o mascote não oficial da cidade, a ave era vista com frequência em praças, escolas e até na prefeitura. Quando deixou de aparecer, a população começou uma verdadeira busca, espalhando fotos e pedidos de informação nas redes sociais. Logo veio a revelação: uma moradora havia entregue a arara ao Cetras-MG, do Ibama, alegando que o animal estava vulnerável e maltratado.

Segundo a moradora, que vive em Moeda há dois anos, a ave era alimentada com comidas inadequadas e já havia sido atacada por cachorros. Ela afirmou ter agido para proteger o animal, que, embora querido por muitos, vivia sem cuidados adequados. A decisão dividiu opiniões. Enquanto alguns entenderam a atitude como necessária, outros se revoltaram. O caso chegou ao ponto de envolver o prefeito da cidade, Décio Lapa, que teme até reações agressivas contra a mulher. “A prefeitura me pediu para orientá-la a evitar sair de casa até mesmo para levar o filho para a escola”, contou.

Apesar da preocupação com a segurança da moradora, o prefeito está entre os que defendem a volta da arara à cidade. “A gente fica chateado com tudo isso porque a arara ia na casa de todo mundo, visitava a escola, a prefeitura e nunca machucou ninguém. Ela é muito mansa e adora crianças”, conta sobre a personalidade da ave que faz parte da paisagem da cidade há cerca de cinco anos. No entanto, o Ibama explicou que, após anos de contato direto com humanos, a ave precisa passar por um processo de reabilitação. A liberação imediata não é possível. Segundo o órgão, ela está saudável, mas com comportamento incompatível com o de um animal silvestre. Caso Moeda queira de fato a arara de volta, seria necessário um projeto de reintrodução, com viveiro fora da área urbana, biólogo, veterinário e custo estimado em R$ 60 mil.

O Ibama ainda destacou que araras são animais de bando e que não há mais registros consistentes da espécie na região desde 1890. A soltura isolada poderia ser prejudicial à ave. O órgão propôs à prefeitura a criação de um projeto piloto de reintrodução de araras-canindé, com suporte técnico e dentro da legislação ambiental. Se aprovado, o projeto seria o primeiro do tipo em Minas Gerais. Enquanto isso, a arara segue em observação, iniciando um processo de reabilitação que pode, no futuro, levá-la de volta à natureza — mas não, necessariamente, às ruas de Moeda.

plugins premium WordPress