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Com os preços das moradias disparando no Reino Unido, milhares de britânicos estão optando por uma alternativa inusitada, mas cada vez mais popular: viver em barcos. A crise imobiliária, especialmente em cidades como Londres, fez crescer o número de pessoas que trocam apartamentos por embarcações ancoradas em canais e rios. De acordo com o Canals and Rivers Trust, cerca de 35 mil barcos estavam licenciados para navegação em 2022 — número que representa um aumento de mais de 30% em relação às últimas duas décadas.
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A opção, que pode parecer excêntrica à primeira vista, tem explicação simples: o custo. Uma barca estreita e em boas condições custa, em média, £ 50 mil (cerca de R$ 375 mil), valor muito inferior ao de um apartamento em Londres, onde um imóvel de um quarto pode ultrapassar £ 600 mil (aproximadamente R$ 4,5 milhões), segundo o Global Property Guide. Mesmo com despesas anuais que giram em torno de £ 4,5 mil (R$ 33,7 mil), morar em um barco ainda é financeiramente mais viável do que manter uma residência convencional em grandes centros urbanos.
Além da economia, outros fatores explicam o crescimento dessa escolha. O estilo de vida mais livre, a possibilidade de deslocamento constante, o contato com a natureza e a flexibilidade do trabalho remoto — intensificada durante a pandemia de COVID-19 — também impulsionam essa mudança. Só em Londres, o número de “navegadores” entre 25 e 34 anos quase dobrou na última década, o que reforça o perfil jovem e urbano desse novo estilo de moradia.
Embora os dados variem conforme a fonte, todos apontam para o mesmo rumo: morar em barcos está se tornando uma tendência relevante no país. Estimativas indicam que entre 15 mil e 30 mil pessoas vivem permanentemente em embarcações no Reino Unido. Ainda que seja uma minoria, é um grupo em expansão. E, apesar dos custos com licenças, combustível, seguros e manutenção, muitos consideram que o estilo de vida flutuante compensa o investimento.
A crise imobiliária britânica chegou a ser chamada de “escândalo” pela prefeita de Londres, devido ao grande número de imóveis vazios. Diante disso, o barco se tornou mais que uma casa: virou uma solução para quem não abre mão de viver na cidade, mas se recusa a pagar preços abusivos por isso.