Belo Horizonte, 14 de janeiro de 2025

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Jovens expõem furtos nas redes e geram alerta entre polícia e especialistas

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Uma nova “moda” nas redes sociais tem gerado preocupações entre autoridades e profissionais de saúde mental: a prática de furtos compartilhados na internet, conhecida como “mirtilagem”. Jovens estão criando perfis anônimos para expor os pequenos furtos que realizam em lojas, farmácias e perfumarias, usando hashtags como #cleptotwt e #cleptogirls para se associar à tendência.

Em algumas postagens, é possível ver frases como “É tão bom sair da loja cheio de coisinhas novas sem pagar, é incrível a sensação” e “Colheitinha de hoje foi cheia de produtinhos pra me cuidar, amo muito”, revelando um comportamento que mistura adrenalina e a sensação de desafio. A gíria “mirtilagem” é usada para descrever essa prática, e quando há furtos em massa em um único dia, o ato recebe o nome de “colheita”.

Esse fenômeno chamou a atenção da Divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de São Paulo. O delegado Paulo Barbosa, responsável pela divisão, explicou que a polícia monitora as plataformas para rastrear as identidades dos envolvidos. “Essas plataformas, quando nos prestam informações, fornecem os dados de conexão, o e-mail que foi criado, o celular. Com essa ferramenta, conseguimos identificar o autor das postagens”, disse Barbosa, enfatizando que após a identificação, os responsáveis podem ser intimados, e um inquérito é instaurado.

A questão vai além do furto. Para a psicóloga Luciana Inocêncio, especialista em transtornos graves, esse tipo de postagem também configura apologia ao crime, um delito previsto pelo Código Penal, que pode levar à detenção de três a seis meses. Ela alerta ainda para as diferenças entre a prática de furto como parte de uma tendência social e a cleptomania, um transtorno psicológico: “Na cleptomania, existe uma sensação de culpa e vergonha, além de sintomas de ansiedade e depressão, resultando em sofrimento psíquico. O sujeito precisa de tratamento terapêutico e medicamentoso”, explicou a especialista.

Esses jovens, ao exibir suas ‘colheitas’ do dia, mostram um comportamento descompromissado, sem remorso ou vergonha. Para eles, o furto se torna um jogo, uma forma de obter satisfação e reconhecimento, mas é um caminho perigoso que pode ter sérias consequências.

A psicóloga também destacou a importância do acompanhamento familiar, que pode ser crucial para conscientizar os jovens sobre os riscos desse tipo de comportamento. Além disso, ela reforça a necessidade de um tratamento adequado para identificar possíveis distúrbios mentais e evitar que o comportamento se torne um problema mais grave.

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