Belo Horizonte, 19 de maio de 2025

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Ex-padre de Minas é investigado por décadas de abusos contra dezenas de crianças

Relatos apontam crimes cometidos por líder religioso entre 1975 e 2016, em Tiros e Belo Horizonte, sob o silêncio da fé e da confiança da comunidade
Ex-padre investigado por abuso
Ex-padre investigado por abuso

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Um ex-padre da Arquidiocese de Belo Horizonte, identificado como Bernardino Batista dos Santos, é suspeito de abusar sexualmente de pelo menos 50 vítimas em Minas Gerais, segundo investigação da repórter Naiana Andrade, da Agência Pública, divulgada nesta segunda-feira (19). O inquérito policial aponta que os crimes teriam ocorrido entre 1975 e 2016, principalmente na cidade de Tiros, no Noroeste mineiro, e no bairro Paraíso, na região Leste da capital, onde o religioso atuou como pároco por mais de 30 anos.

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De acordo com o relatório investigativo, Bernardino usava sua posição como líder religioso e, em certos momentos, como diretor de escola, para se aproximar das vítimas — meninas entre 3 e 11 anos. O abuso infantil, segundo as apurações, acontecia em locais como sacristias, a casa paroquial, seu sítio em Tiros, além de excursões e passeios, sempre em situações onde havia oportunidade e ausência de testemunhas.

Apesar de não utilizar armas, o ex-padre se aproveitava da confiança depositada por pais e responsáveis. As investigações indicam que ele atraía as crianças com pretextos como oferecer ajuda ou presentes, isolando-as em momentos em que os abusos ocorriam. Em 2024, ele foi formalmente indiciado por estupro de vulnerável e ficou preso por 36 dias. Desde sua liberação, responde ao processo em liberdade, com uso de tornozeleira eletrônica. O julgamento deve ocorrer até o fim de 2025.

Grande parte das denúncias acabou prescrevendo, mas um caso de abuso registrado em 2016, envolvendo uma criança de 4 anos, permanece ativo e é considerado o principal elemento da acusação penal. A Arquidiocese de Belo Horizonte afirmou ter conduzido uma apuração interna em 2021, mas não revelou o conteúdo dos depoimentos, alegando sigilo canônico. Em nota enviada à Agência Pública, informou que Bernardino foi afastado definitivamente do ministério sacerdotal em 18 de novembro de 2021 por decisão do Vaticano e que tem prestado apoio às vítimas e colaborado com a Justiça.

Durante depoimento à polícia, o ex-padre admitiu a posse do sítio onde parte dos crimes teriam ocorrido, mas negou que excursões escolares tenham sido realizadas no local. Ainda segundo a Agência Pública, em 2021 ele negou todas as acusações, chamando-as de “invenções”. Famílias e vítimas criaram um perfil em redes sociais para denunciar o caso e buscar visibilidade.

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