Belo Horizonte, 13 de maio de 2025

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Virginia Fonseca depõe na CPI das Bets e rebate acusações sobre publicidade de jogos de azar

Influenciadora nega bônus por perdas e se irrita com vídeo usado por senadora na sessão sobre contratos com casas de aposta

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A influenciadora digital Virginia Fonseca prestou depoimento nesta terça-feira (13) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, no Senado Federal. Convocada como testemunha, ela respondeu a questionamentos sobre os valores recebidos em contratos publicitários com grandes empresas de apostas online. Apesar de ter obtido um habeas corpus do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), garantindo o direito ao silêncio, Virginia respondeu à maior parte das perguntas feitas durante a sessão. Ela se recusou, no entanto, a revelar qual foi o maior cachê recebido por campanhas de apostas: “Me reservo ao direito de ficar calada”, declarou à senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da CPI. Desde o início da audiência, a intenção da comissão foi esclarecer o impacto da promoção de apostas por influenciadores digitais, prática que levanta preocupações, principalmente pelo acesso facilitado que jovens têm a esse tipo de conteúdo.

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Durante o depoimento, Virginia afirmou que todos os valores recebidos foram devidamente declarados à Receita Federal. Além disso, negou qualquer participação em esquemas de comissão sobre perdas de apostadores, o chamado “cachê da desgraça”. Segundo ela, sua fortuna não se deve à publicidade com casas de apostas, e sim ao sucesso da sua marca de cosméticos, a Wepink, além de outras parcerias comerciais. Ela também destacou que seus contratos com empresas de apostas envolviam valores fixos, sem qualquer tipo de bonificação baseada em desempenho financeiro das plataformas. Ainda assim, relatou que um dos contratos previa um bônus de 30% caso dobrasse os lucros da empresa contratante, meta que, segundo Virginia, nunca foi atingida: “Nunca recebi um real a mais do que o estipulado no contrato. Era um bônus de 30% sobre o cachê, mas não aconteceu”, afirmou.

Em meio à audiência, que durou mais de três horas, a senadora Soraya trouxe à tona um vídeo em que Virginia aparece dizendo estar “viciada” em apostas, mesmo que “com cautela”. A influenciadora reagiu com irritação e argumentou que o vídeo é de 2022, antes das regulamentações atuais do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar). O presidente da CPI, senador Dr. Hiran (PP-RR), precisou intervir para manter a ordem. Virginia se desculpou pela reação: “Desculpa por ter estressado um pouco aqui”. A discussão refletiu a tensão que marcou boa parte da sessão, especialmente quando os senadores tentavam relacionar o conteúdo divulgado por Virginia ao possível incentivo ao vício em jogos entre seus seguidores, muitos dos quais são jovens.

Outro momento de destaque foi quando a relatora questionou o uso da conta da própria influenciadora para apostas feitas por familiares. “Sua mãe joga, o seu esposo joga na conta, então eles jogam na conta da senhora. (…) Será que se esse produto fosse realmente tão bom, o seu marido e a sua mãe não teriam uma conta própria?”, provocou Soraya. Virginia respondeu que Zé Felipe, seu marido, possui sim uma conta própria, mas que, por conveniência durante gravações, usa o mesmo aparelho para apostar. Quanto à mãe, disse desconhecer se ela mantém cadastro em alguma plataforma: “Se quiser, eu ligo para ela agora e pergunto”, respondeu. A CPI também a pressionou sobre o uso de contas demo — perfis simulados fornecidos a influenciadores para mostrar ganhos irreais. Virginia negou qualquer envolvimento com esse tipo de estratégia: “Eu não sabia disso”.

A senadora Soraya reforçou que a CPI já possui provas de que alguns influenciadores utilizam plataformas manipuladas para atrair seguidores, embora admita que não há, até o momento, evidências concretas de que Virginia tenha feito isso. A influenciadora, portanto, permanece no centro de um debate maior sobre a responsabilidade de figuras públicas na promoção de jogos de azar. A comissão busca entender até que ponto esses contratos publicitários com sites de apostas podem estar atrelados ao prejuízo dos usuários e se os influenciadores têm consciência do impacto que geram ao promover esse tipo de conteúdo.

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