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José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, foi identificado como um dos alvos principais de um plano golpista que previa o assassinato de lideranças políticas e judiciais no Brasil. Conforme documentos obtidos e revelados pela Folha de S.Paulo, ele era tratado pelo codinome “Juca” em um texto elaborado pelo general da reserva Mário Fernandes. O plano, chamado “Punhal Verde Amarelo”, teria sido arquitetado por aliados do então presidente Jair Bolsonaro em 2022, e previa atentados contra o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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No documento, cada alvo era designado por um codinome: Lula era “Jeca”, Alckmin “Joca”, Moraes era chamado de “professora” e Dirceu surgia como “Juca”. A descrição atribuía ao ex-ministro a função de “iminência parda do 01 e das lideranças do futuro gov”, indicando que sua neutralização seria estratégica para desestabilizar a chamada “esquerda mais radical”. Inicialmente, houve dúvida entre os investigadores sobre a identidade por trás do nome “Juca”, com a possibilidade de ser também uma referência a Flávio Dino, então senador eleito e futuro ministro da Justiça.
O general da reserva Mário Fernandes é apontado como autor intelectual do plano. Um oficial da reserva ligado a ele relatou que Dirceu era considerado uma figura ainda influente nos bastidores do governo Lula. Essa percepção teria motivado sua inclusão entre os alvos prioritários da ação terrorista. A defesa do general afirmou que só irá se manifestar após ter acesso integral aos autos do processo e às provas colhidas durante as investigações.
A trama golpista contava com métodos como envenenamento e uso de explosivos, com execução prevista para o dia 15 de dezembro de 2022, apenas três dias após a diplomação oficial de Lula no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro teve conhecimento da conspiração e consentiu com o andamento do plano. A própria PGR afirmou em relatório que o então presidente foi informado sobre a proposta enquanto o Ministério da Defesa reconhecia a inexistência de qualquer indício de fraude nas eleições.