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O Ministério das Relações Exteriores do Brasil está atuando para amenizar a crise diplomática com o Paraguai, após a revelação de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria realizado uma operação de espionagem contra autoridades paraguaias. A denúncia envolve o monitoramento de figuras ligadas às negociações sobre a usina hidrelétrica de Itaipu, administrada em conjunto pelos dois países. Segundo o Itamaraty, a ação teria ocorrido entre junho de 2022 e março de 2023, ainda durante o governo anterior, e foi encerrada assim que identificada pela atual gestão.
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Como reação, o governo paraguaio convocou seu embaixador no Brasil, bem como o representante diplomático brasileiro em Assunção, para prestar esclarecimentos. Esse gesto é um sinal claro de insatisfação e formaliza o desconforto com o episódio. Em nota divulgada nesta semana, o Itamaraty reconheceu o episódio e reforçou que o atual governo não teve participação na iniciativa, destacando que o programa foi interrompido tão logo as novas autoridades tomaram ciência dos fatos.
Durante entrevista concedida nesta quinta-feira (3), a secretária de América Latina do Ministério das Relações Exteriores, Gisela Padovan, lamentou o ocorrido e classificou como “improvável” a hipótese de um país amigo como o Paraguai ser alvo de espionagem. Ela também criticou o vazamento das informações à imprensa antes da conclusão dos processos internos de apuração. “As instituições envolvidas estão fazendo seus processos internos de averiguação”, afirmou.
Além do desgaste diplomático, o episódio causou impacto direto nas negociações em curso sobre a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu. O governo paraguaio decidiu congelar as tratativas, que envolvem a definição dos valores pagos pelo Brasil à energia excedente gerada na usina e revendida pelo Paraguai. Os dois países já vinham enfrentando dificuldades para chegar a um consenso sobre os reajustes previstos.
Agora, o foco do governo brasileiro está em restabelecer a confiança com o país vizinho e garantir que a relação bilateral não seja permanentemente abalada.
