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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ameaçou prender na tarde desta sexta-feira (23/05) o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo durante audiência da ação penal que investiga tentativa de golpe de Estado. Rebelo foi convocado como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, acusado de ter colocado tropas à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro, em reunião com os comandantes militares, em novembro de 2022. Este ponto é considerado central na denúncia contra Bolsonaro e Garnier.
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Durante a audiência no STF, Aldo Rebelo tentou minimizar a expressão usada por Almir Garnier ao afirmar que, na língua portuguesa, existem “forças de expressão” que não devem ser interpretadas literalmente. Ele citou exemplos para sustentar seu argumento após ser questionado pelo advogado de defesa, Demóstenes Torres, sobre a possibilidade de o comando da Marinha mobilizar tropas de forma unilateral. No entanto, foi interrompido por Alexandre de Moraes, que perguntou se Rebelo estava presente na reunião em que Garnier teria mencionado a frase sobre colocar as tropas à disposição. Diante da negativa, Moraes determinou que ele se restringisse aos fatos. Quando Rebelo insistiu em opinar e afirmou que “não admitia censura”, Moraes foi categórico: “Se o senhor não se comportar, será preso por desacato”.
Ainda durante a audiência, o procurador-geral Paulo Gonet também repreendeu Aldo Rebelo, ao afirmar que quem faz as perguntas são os advogados e o Ministério Público, não a testemunha. Gonet reagiu após Rebelo comentar que gostaria de saber se a cadeia de comando da Marinha foi, de fato, acionada. Moraes então encerrou o assunto de forma direta: “Se o senhor quer saber, depois o senhor vai ler na imprensa”.
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O atual comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, também depôs e negou ter recebido qualquer ordem do antecessor, Almir Garnier, para mobilizar tropas ou participar de plano golpista. Já o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente de Bolsonaro, disse desconhecer a existência de minuta golpista e afirmou que nunca participou de reuniões com os comandantes das Forças Armadas para tratar sobre estado de exceção.