Belo Horizonte, 13 de abril de 2025

A voz de Minas no portal que mais cresce!

Últimas notícias

Cientistas contestam desextinção do lobo-terrível e apontam manipulação genética superficial

Com base em apenas 14 genes modificados, empresa exibe filhotes como se fossem lobos extintos há milênios e gera forte reação da comunidade científica

Ouça este conteúdo

0:00

Imagens de três filhotes apresentados como lobos-terríveis — espécie extinta há mais de 10 mil anos — foram divulgadas nesta segunda-feira (7) pela empresa norte-americana de biotecnologia Colossal Biosciences. Segundo a empresa, os animais teriam sido gerados por meio da edição genética de lobos-cinzentos modernos, usando fragmentos de DNA extraídos de fósseis antigos. No entanto, especialistas alertam que não há comprovação científica de que esses filhotes sejam, de fato, um “retorno” do lobo-terrível.

✅ Fique por dentro! Receba as notícias do G5 Minas em primeira mão no WhatsApp. 📲

A principal crítica de pesquisadores está na ausência de publicação científica validada. As informações divulgadas até agora não passaram por revisão por pares e nem foram publicadas em revistas científicas reconhecidas — o que levanta dúvidas sobre a credibilidade do experimento. Para cientistas, o que existe são lobos-cinzentos com alterações genéticas superficiais que tentam simular características atribuídas ao lobo-terrível, cuja aparência original sequer é totalmente conhecida.

Além disso, a base genética da modificação é considerada insuficiente. O paleogeneticista Nic Rawlence, da Universidade de Otago, lembra que o lobo-terrível divergiu do lobo-cinzento entre 2,5 milhão a 6 milhões de anos atrás, pertencendo a um gênero totalmente distinto. Segundo ele, a Colossal Biosciences alterou apenas 14 genes de um total de aproximadamente 19 mil — o que representa uma fração mínima do genoma. “De cerca de 19 mil genes, eles determinaram que 20 mudanças em 14 genes deram a eles um lobo-terrível”, criticou. Para especialistas, essa quantidade é extremamente limitada e insuficiente para afirmar qualquer recriação fiel da espécie extinta.

Outro ponto levantado por cientistas é a limitação atual da ciência em reconstruir com precisão o genoma completo de animais extintos. O professor Corey Bradshaw explica que, o DNA recuperado de fósseis se degrada ao longo dos milênios, o que dificulta ou até impossibilita a recuperação integral do material genético necessário. Mesmo com o avanço da biotecnologia, a desextinção de espécies complexas como o lobo-terrível ainda está longe de ser uma realidade comprovada. Bradshaw finaliza dizendo: “Na melhor das hipóteses, exageraram; na pior, estão mentindo descaradamente.”

plugins premium WordPress