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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na tarde desta quarta-feira (9) que irá pausar por 90 dias o programa de tarifas recíprocas e reduzir as tarifas de importação para 10% em relação aos países aliados. Para os chineses, Trump decidiu endurecer ainda mais sua postura afirmando que as taxas subirão para 125%. A medida é uma resposta direta às recentes retaliações anunciadas por Pequim, intensificando ainda mais uma disputa comercial que já preocupa mercados globais.
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Esse cenário evidencia uma queda de braço entre as duas maiores potências do planeta, onde nenhum dos lados parece disposto a ceder. Enquanto os Estados Unidos apostam na pressão econômica como estratégia de negociação, a China tem respondido com firmeza, adotando contramedidas e reforçando laços com países asiáticos. Em um movimento claro de reposicionamento estratégico, nações como Japão e Coreia do Sul têm sinalizado apoio à China, reforçando sua posição regional.
Do outro lado do Atlântico, a União Europeia e o Canadá também se mobilizaram contra as tarifas impostas pelos Estados Unidos. Ambos anunciaram medidas retaliatórias e confirmaram que vão impor tarifas de 25% sobre diversos produtos norte-americanos, incluindo aço, alumínio, veículos e até itens agrícolas, como resposta direta ao aumento das barreiras comerciais por parte de Washington. A decisão reforça que os dois aliados não aceitarão imposições unilaterais sem contrapartida. “Essas medidas podem ser suspensas a qualquer momento, caso os EUA concordem com um resultado negociado justo e equilibrado”, informou a Comissão Europeia, em nota oficial. Já o Canadá foi ainda mais direto: “O presidente Trump causou essa crise comercial, e o Canadá está respondendo com propósito e força”, pontuou o governo canadense. A retaliação conjunta reforça a ideia de que o isolamento americano pode sair caro.
Até mesmo figuras influentes do setor privado americano demonstram insatisfação com o rumo da política tarifária dos Estados Unidos. Elon Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, fez um apelo direto a Donald Trump para que revertesse as tarifas sobre o aço e o alumínio, alertando que a medida prejudica a competitividade da indústria nacional e pode desencadear uma guerra comercial com efeitos graves. O pedido, no entanto, foi ignorado. Dias depois, Musk voltou a se manifestar publicamente, desta vez com duras críticas ao conselheiro de Trump, Peter Navarro, a quem chamou de “verdadeiro imbecil”. A declaração veio após Navarro minimizar a importância da Tesla em meio às discussões sobre as tarifas. O episódio evidenciou o desconforto crescente até entre aliados do setor empresarial, que temem as consequências de uma escalada tarifária descontrolada.
O fato é que, numa disputa onde nenhum dos lados quer ceder, o mundo inteiro acaba no meio do fogo cruzado. Se a história nos ensina algo, é que guerras comerciais prolongadas raramente têm vencedores claros. O cenário atual exige cautela, diplomacia e, sobretudo, visão de longo prazo, algo que, até agora, parece estar em falta.