Belo Horizonte, 21 de maio de 2025

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Ministério da Agricultura tentou enviar testes de gripe aviária com validade expirada ao Rio Grande do Sul

Secretaria gaúcha recusou materiais e pediu apenas swabs e caixas de isopor, mas burocracia impediu a entrega
MAPA tentou enviar testes de gripe aviária vencidos ao RS
MAPA tentou enviar testes de gripe aviária vencidos ao RS

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O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) tentou distribuir ao Rio Grande do Sul testes de gripe aviária com certificado vencido e materiais próximos do vencimento, mas a Secretaria da Agricultura do estado rejeitou as remessas. Segundo apuração da Folha de São Paulo, as tentativas começaram em abril, antes mesmo do primeiro caso confirmado de gripe aviária no Brasil, que ocorreu em 15 de maio, na cidade de Montenegro (RS). Na ocasião, o Mapa ofereceu frascos com uma solução utilizada na preservação de amostras coletadas com swabs — cotonetes longos e estéreis, semelhantes aos usados em testes de Covid-19. O material, no entanto, estava com validade próxima de expirar e parte das caixas de transporte homologadas já tinham o certificado vencido, inviabilizando seu uso.

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Ainda conforme as informações, o Ministério informou que o prazo de validade dos insumos era entre maio e junho, recomendando a retirada rápida para evitar desperdício. A oferta incluía, além dos frascos, caixas de isopor e caixas homologadas para transporte aéreo de amostras biológicas. Porém, a Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul recusou o material ao identificar que as caixas tinham certificado vencido, o que impossibilitaria o transporte legal das amostras. Mesmo com a recusa, o estado demonstrou interesse em receber os swabs e as caixas de isopor, já que esses itens ainda seriam úteis aos técnicos locais. Contudo, o Mapa restringiu a oferta exclusivamente aos frascos com solução líquida estéril, conhecida como MTV (Meio de Transporte Viral).

Esse impasse gerou uma demora de mais de 20 dias após a oferta inicial, sem que houvesse uma definição sobre a possibilidade de entrega fracionada dos materiais. Em 17 de maio, dois dias após o Ministério da Agricultura confirmar oficialmente o primeiro caso de contaminação por gripe aviária, os servidores gaúchos ainda tentavam viabilizar a retirada de parte dos kits no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária do Rio Grande do Sul, uma unidade regional do Mapa. Entretanto, mais uma vez, não houve sucesso. A Secretaria da Agricultura do estado explicou que o estoque atual de frascos com solução já era suficiente, pois o estado havia adquirido recentemente novos materiais para atender à demanda.

Em nota oficial, a Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul reforçou que optou por não receber os frascos de solução, já que estavam próximos da data de vencimento. Afirmou ainda que o Serviço Veterinário Oficial do estado conta com quantidade suficiente de kits espalhados pelas equipes técnicas, permitindo a continuidade das ações de vigilância sanitária. Conforme a pasta, até o dia 20 de maio, foram vistoriadas 100% das 540 propriedades rurais localizadas no raio de dez quilômetros do foco de gripe aviária. Além disso, no mesmo dia, o Serviço Veterinário também revisitou as 19 propriedades dentro do raio de três quilômetros, todas com presença de aves.

A confirmação oficial do foco de influenza aviária de alta patogenicidade (H5N1) ocorreu em 15 de maio, marcando a primeira detecção da doença em aves comerciais no Brasil. Com isso, o país teve seu status de livre da gripe aviária suspenso, conforme determinação da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Além do caso em Montenegro, na mesma data também foi confirmada a infecção pelo vírus em dois cisnes — um cisne negro e um cisne do pescoço preto — no zoológico de Sapucaia do Sul, também no Rio Grande do Sul. As amostras que confirmaram os casos haviam sido coletadas pela Secretaria da Agricultura do estado, durante uma investigação epidemiológica, e enviadas para análise no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo no dia 13 de maio.

Em operações anteriores, como a que ocorreu em maio de 2023 no Espírito Santo, após a detecção de um caso de gripe aviária em animal silvestre, foram coletadas cerca de 3.000 amostras de animais em todo o Brasil. Esse histórico demonstra a importância dos protocolos sanitários e da vigilância ativa em casos de suspeita da doença, especialmente quando há risco de contaminação em aves comerciais, fator que pode impactar diretamente na saúde pública e na economia do país.

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