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Um vídeo publicado pela Mãe de Santo Dh Valeriano viralizou nas redes sociais após mostrar um caso explícito de intolerância religiosa. Durante a realização de um despacho em uma encruzilhada — prática comum dentro das religiões de matriz africana —, um homem passou de carro e, de forma agressiva, repreendeu o ritual. A cena, captada em vídeo, gerou indignação e também apoio por parte de muitos internautas, levantando o debate sobre a liberdade religiosa no Brasil. As imagens rapidamente se espalharam, alcançando milhares de visualizações em pouco tempo.
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Nas redes sociais, a Mãe de Santo compartilhou o registro com bom humor, mas também com um recado direto ao agressor. “A pedidos de muitos, postei no feed… Porém deixando bem explícito que se o vídeo chegar no homem do carro branco, saíba que você está sendo processado pelo demônio!🥰🥳🤣”, escreveu. Ainda na publicação, ela questionou: “Até quando o povo de macumba será perseguido por demonstrar nossa fé em público?”, frase que expõe o sentimento de cansaço e resistência de quem vive a fé nas religiões afro-brasileiras em um país onde o preconceito ainda é forte.
O caso reacende uma discussão importante: até que ponto a liberdade religiosa realmente existe? Cultos de matriz africana são constantemente alvo de deboche, ataques e tratados como “coisa errada”, enquanto práticas ligadas ao cristianismo continuam sendo vistas como normais ou sagradas. O que aconteceu com a Mãe de Santo não é exceção, é só mais um retrato daquilo que muitas pessoas enfrentam todos os dias ao tentar exercer sua fé em público. Mesmo com leis que garantem o livre exercício da fé, é evidente que há um abismo entre o que está no papel e o que acontece nas ruas.
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Apesar do Brasil ser, oficialmente, um país laico, na prática seguimos reféns de uma única fé dominante. Cada vez mais vemos decisões públicas e discursos políticos baseados exclusivamente em princípios cristãos, como se todas as outras crenças fossem menores ou menos legítimas. O respeito à diversidade religiosa não pode ser só um texto bonito na Constituição, precisa ser realidade no dia a dia. E isso só vai acontecer quando todos forem tratados com o mesmo direito de existir, ocupar espaços e se manifestar.