Belo Horizonte, 13 de abril de 2025

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Imagem de santa do século XVIII passa por restauração e aparência causa revolta em Pirenópolis

Mudança nas feições de Nossa Senhora das Dores, sem aval do Iphan, gera reação dos fiéis

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Uma restauração feita na imagem de Nossa Senhora das Dores, localizada na Igreja do Rosário, no centro histórico de Pirenópolis (GO), está gerando forte repercussão entre fiéis e especialistas em patrimônio. A escultura do século XVIII, conhecida pelos traços de dor e sofrimento, foi modificada com alterações visíveis que incluem tons de maquiagem, cílios e bochechas rosadas. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informou que não autorizou a intervenção e cobrou explicações da Diocese de Anápolis, responsável pela igreja.

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A principal crítica dos fiéis é que a nova aparência da santa descaracteriza completamente a representação tradicional de Nossa Senhora das Dores, cuja expressão marcada pela tristeza sempre foi símbolo da devoção local. A imagem, que antes exibia lágrimas evidentes, sobrancelhas curvadas e mãos com tons escurecidos e sombreados, agora apresenta aparência considerada “maquiada”, com blush e batom. “Ela está sem a lágrima, sem a feição, está com cílios. Praticamente maquiada com blush”, lamentou a devota Helena Cristina de Pina.

Antes e depois rosto da Imagem de Nossa Senhora das Dores
Antes e depois rosto da Imagem de Nossa Senhora das Dores

Comparações feitas entre fotos do antes e depois evidenciam mudanças na técnica utilizada. A pintura original, feita com policromia, que mistura diversas cores para realçar traços humanos, foi substituída por uma pintura plana, mais simples, que alterou características fundamentais da peça sacra. As mãos, que antes tinham textura e profundidade, agora estão mais claras e sem sombreamento, o que também incomodou a comunidade religiosa local.

Antes e depois das mãos da Imagem de Nossa Senhora das Dores
Antes e depois das mãos da Imagem de Nossa Senhora das Dores

Segundo o Iphan, a restauradora do instituto, Virgínia Conrrade Lopes da Silva, esteve na igreja em março de 2025 e não foi comunicada sobre qualquer necessidade de restauração na imagem. A ausência de autorização e a falta de acompanhamento técnico especializado preocupam o órgão federal, que solicitou explicações à Diocese em um prazo de 15 dias. A medida visa preservar o valor histórico, artístico e simbólico da peça, considerada patrimônio cultural nacional.

A polêmica ganha ainda mais visibilidade com a proximidade da Sexta-feira Santa, celebrada no próximo dia 18. Nessa data, a imagem de Nossa Senhora das Dores tradicionalmente percorre as ruas da cidade durante a procissão da Paixão de Cristo. Com a mudança visual, muitos fiéis afirmam que a conexão emocional com a imagem foi abalada.

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