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Na Costa Verde do Rio de Janeiro, um dos cenários mais paradisíacos do estado abriga uma realidade pouco conhecida e, ao mesmo tempo, preocupante. A Ilha Furtada, localizada na baía de Angra dos Reis, é conhecida popularmente como Ilha dos Gatos. O motivo do nome é simples: entre 400 e 750 felinos vivem soltos no local, sem qualquer supervisão humana direta. No entanto, por trás da imagem de um santuário animal, existe uma história marcada por abandono, desequilíbrio ambiental e desafios constantes para garantir a sobrevivência dos animais.
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Tudo começou por volta da década de 1950, quando uma família se instalou na ilha e levou alguns gatos como companhia. Com o tempo, os moradores deixaram o local, mas os animais ficaram. Sem predadores naturais e em um ambiente que favorecia a reprodução, a população de felinos se multiplicou rapidamente. Ao longo dos anos, o problema se agravou com o abandono frequente de novos gatos por visitantes e moradores da região continental, tornando a situação cada vez mais crítica.
O crescimento descontrolado da população felina trouxe sérias consequências ambientais. Os gatos se adaptaram ao ambiente selvagem, tornando-se predadores de aves, répteis e pequenos mamíferos. Espécies nativas como cutias, pacas e até capivaras passaram a dividir um território que não estava preparado para esse tipo de convivência. Além disso, a ausência de água potável na ilha representa um risco constante à sobrevivência dos animais. Para tentar minimizar os danos, voluntários e ONGs como a Veterinários na Estrada instalam pontos de alimentação, realizam castrações e resgates sempre que possível.
Desde 2012, os esforços dessas organizações têm sido fundamentais para controlar a situação, embora ainda insuficientes diante da magnitude do problema. A ONG realiza ações contínuas de monitoramento, vacinação e tratamentos veterinários. Alguns gatos ainda são resgatados e encaminhados para adoção, mas muitos já estão totalmente adaptados à vida selvagem e dificilmente conseguiriam viver em um lar novamente.
A história da Ilha dos Gatos mostra como o abandono de animais não é apenas uma questão de bem-estar individual, mas um problema ambiental de longo alcance. Enquanto o governo do Rio de Janeiro estuda soluções e estratégias para frear o avanço da população felina, a conscientização da sociedade ainda é a chave para evitar novos abandonos e proteger o ecossistema local.