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Em 2019, a Islândia deu um passo ousado e reduziu a semana de trabalho para quatro dias e, cinco anos depois, os resultados são surpreendentes. Com base em um experimento iniciado em 2015 com cerca de 2.500 trabalhadores, o país hoje confirma, com dados concretos, que a tão discutida jornada reduzida não só é viável, como traz ganhos reais para a produtividade e bem-estar. Segundo o relatório mais recente do The Autonomy Institute, cerca de 86% dos trabalhadores islandeses já atuam com jornadas reduzidas, sem cortes salariais. Isso mostra que, ao contrário das críticas iniciais, a Geração Z estava certa ao defender que menos horas podem significar mais eficiência.
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A experiência islandesa não surgiu de uma decisão política repentina. O modelo de semana de 4 dias foi implementado de forma gradual, começando por acordos coletivos e negociações sindicais. A flexibilidade foi essencial: os trabalhadores puderam escolher entre reduzir horas semanais ou comprimir a carga horária em menos dias. A grande virada veio quando os dados mostraram que a produtividade se manteve estável ou até melhorou, e o nível de estresse dos trabalhadores despencou. Isso, aliado à possibilidade de conciliar melhor vida pessoal e profissional, mostrou que a redução de jornada não é um privilégio, mas uma política inteligente.
Enquanto outros países debatem os prós e contras do modelo, a Islândia já colhe os frutos. A economia cresceu 4,1% em 2023, a produtividade do trabalho subiu mais que em qualquer outro país nórdico nos últimos cinco anos (1,5% segundo o Comitê de Estatísticas do Mercado de Trabalho), e a taxa de desemprego está entre as mais baixas da Europa, em 3,6%. Esses resultados mostram que, além de sustentável, a semana de 4 dias pode ser economicamente vantajosa — mesmo com críticas sobre um suposto custo adicional no setor público. Segundo o The Autonomy Institute, a redução da jornada representou apenas 0,11% do orçamento público em 2022.
O segredo do sucesso? Uma combinação entre negociação coletiva, investimento em digitalização e foco no bem-estar do trabalhador. Com uma das melhores infraestruturas de internet do mundo, o país facilitou o trabalho remoto e a automatização de processos. Além disso, não houve redução de salário ou benefícios. Tudo isso reforça que o modelo precisa ser pensado com planejamento, e não apenas adaptado às pressas — como se viu em testes menos eficazes, como os da Bélgica, onde os dias ficaram mais longos e cansativos.
A experiência da Islândia quebra paradigmas e mostra que a Geração Z não estava sonhando alto demais ao exigir equilíbrio entre vida e trabalho. Mais do que uma tendência, a semana de quatro dias está se consolidando como um novo padrão possível. A chave está na forma como as mudanças são implementadas: com diálogo, estratégia e foco nas pessoas. Se outros países seguirem o exemplo islandês, o futuro do trabalho pode ser mais produtivo, saudável e justo.